A balança comercial de produtos agrícolas - indicador do Instituto Nacional de Estatística (INE) que mede a diferença entre exportações e importações de bens agro-alimentares, peixe e produtos florestais - agravou-se 9% em 2011 face ao ano anterior. As importações atingiram 6019 milhões e as exportações ficaram-se pelos 2225 milhões de euros (um crescimento de 13% em relação a 2010).
Portugal compra ao estrangeiro cerca de 1320 milhões de euros em peixes e crustáceos, sendo este o produto com maior peso nas importações (22% do total). Na segunda posição surgem os cereais, que custaram ao país 842 milhões de euros, cifra que poderá subir este ano face à diminuição da área semeada e à baixa produtividade resultante do período de seca.
Por isso, a Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPOC) tem vindo a defender a adopção de uma "estratégia nacional" que permita reduzir o défice da balança comercial do sector. "Os Estados Unidos e a Austrália são dois grandes exportadores e têm uma média de produção de 2 toneladas por hectare, semelhante à nossa", diz Bernardo Albino, presidente da ANPOC, acrescentando que a diferença está ao nível das políticas públicas. "Nesses países, o Estado colabora activamente com um sector que é estratégico e em Portugal isso nunca sucedeu."
A questão está em "não centrar" os apoios exclusivamente na competitividade mas também nas necessidades alimentares do País. "Há alguns anos o ministro Jaime Silva dizia-nos que não valia a pena produzir cereais, porque os franceses conseguem produtividades por hectare muito superiores às nossas." O resultado foi o progressivo abandono das culturas e o agravamento da dependência face ao exterior.
Na carne, leite, frutas, sementes e gorduras animais e vegetais (onde se inclui o azeite) o volume das importações anuais ronda os 500 milhões de euros.
Foi também o grupo dos peixes, crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos que mais contribuiu para o valor das exportações de produtos agrícolas em 2011 (com um peso de 27%). Neste sector, 2012 começa com boas notícias, uma vez que o volume de capturas de pescado tem sido superior ao do período homólogo. Segundo o INE, só em Maio, esse crescimento representou cerca de 1%, devido à maior captura de peixes marinhos e de moluscos. Às 13963 toneladas de pescado correspondeu uma receita de 26 milhões de euros, um aumento de 9,6% em relação ao registado em Maio de 2011.
Em matéria de exportações agrícolas, destacam-se ainda o grupo das gorduras e óleos (18%) e o dos leites e laticínios (13%).
"A taxa de cobertura das importações pelas exportações foi de 37%, evidenciando uma situação deficitária que, estendida ao período em análise, se comprova ser estrutural. A incapacidade de implantação deste sector na economia nacional é confirmada pela relação do saldo da balança comercial com o PIB, traduzida por um resultado negativo e de fraco crescimento positivo no período em análise (-2,3% a -2,0%)", assinala fonte do instituto.
Espanha continua a ser o principal parceiro português, correspondendo a 44% do valor transacionado nas importações e a 48% nas exportações de produtos agrícolas. Nas vendas ao exterior, Brasil e Angola surgem na segunda e na terceira posições, com 10% e 8%. As exportações destes produtos para estes países cresceram entre 2009 e 2011 a uma taxa média de 31% e 35%, respetivamente.
Portugal vende para o Brasil gorduras e óleos, animais e vegetais (52% das exportações agrícolas), peixes, crustáceos, moluscos e outros invertebrados (30%) e frutos (16%). Para Angola seguem gorduras (44%), leite (18%) e carne (14%). No caso da balança agroalimentar - em que se incluem bebidas e vinhos e preparações de produtos hortícolas, de frutos e de carnes (como enchidos e conservas), entre outros -, o défice foi de 308 milhões de euros, mas com uma recuperação de 20% face a 2010 e de 37% em relação a 2009.
Fonte: ACOPE com ANIL
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